Como as extinções em massa podem ser a chave para encontrar vida fora da Terra
Um estudo científico sugere que as extinções em massa que ocorreram na Terra ao longo de sua história podem fornecer pistas importantes na busca por vida em outros planetas. Desde sua formação inicial, nosso planeta passou por diversos processos que provocaram novas transformações e reações internas que, consequentemente, influenciaram na evolução da vida até chegarmos à sociedade humana atual.
Ao longo de 4,5 bilhões de anos, o planeta passou por inúmeras transformações até atingir seu estado atual. Durante esse período, enfrentou intensas fases de calor, secas, frio extremo, inundações, eras glaciais e várias extinções em massa que eliminaram milhares de espécies. Um dos exemplos mais conhecidos é a extinção dos dinossauros, causada pela queda do asteroide Chicxulub há 66 milhões de anos.
Por muito tempo, os cientistas utilizaram dados sobre extinções em massa para entender melhor a história do planeta e, em alguns casos, até para identificar características de eventos cósmicos. Foi por meio desses estudos que os pesquisadores chegaram a uma estimativa chocante: cerca de 99% de todas as espécies que já existiram estão extintas.
Em um artigo publicado no servidor de pré-impressão arXiv, um grupo de pesquisadores sugere que esses dados também podem ser úteis na busca por vida fora da Terra.
A teoria dos autores propõe que eventos catastróficos, como as extinções em massa, podem ser fundamentais para o desenvolvimento e a evolução da vida inteligente. Em outras palavras, as diversas extinções que ocorreram na Terra ao longo de sua história podem ter sido determinantes para que a sociedade humana alcançasse o atual estágio evolutivo.
“Esses eventos podem ser uma catástrofe ou a melhor coisa que aconteceu ao nosso planeta, dependendo do ponto de vista que você está adotando”, disse a coautora e cientista planetária da Universidade de Exeter no Reino Unido, Arwen Nicholson, em mensagem ao site Space.
As extinções em massa da Terra
Um dos exemplos citados pelos cientistas é o Grande Evento de Oxigenação (GEO), ocorrido entre 2,4 e 2,1 bilhões de anos atrás. Nesse período, a Terra experimentou um aumento significativo de cianobactérias fotossintéticas, que elevaram os níveis de oxigênio na atmosfera.
Como resultado, muitos organismos vivos foram extintos, pois não estavam adaptados para lidar com a alta concentração de oxigênio. Apesar desse evento ter sido desastroso para essas formas de vida, os cientistas sugerem que a evolução subsequente só foi possível graças ao aumento da presença de oxigênio na atmosfera.
As extinções em massa podem ser marcadores da evolução da vida em outros planetas? Sim, é o que os cientistas propõem.Fonte: Getty Images
“Na época, teria sido um grande choque para a maioria dos organismos que vivem no planeta porque o oxigênio pode ser muito tóxico devido à sua reatividade, mas é também por isso que ele é útil para nós. Os oceanos profundos não estavam oxidados a essa altura e provavelmente deram refúgio à vida que não estava acostumada ao oxigênio”, Nicholson acrescentou.
Mesmo tendo exterminado parte da vida existente na época, os cientistas afirmam que o evento foi importante para a resiliência das formas de vida que continuaram. O mesmo pode ter ocorrido em outros períodos semelhantes na história da Terra, onde os organismos e espécies sobreviventes passaram por um processo de evolução após essas catástrofes.
O papel das extinções na busca por extraterrestres
No artigo, os autores explicam que esses eventos de extinção podem ser responsáveis pelo desenvolvimento de formas de vida mais complexas, como a sociedade humana. Assim, esse pode ser um fator que também influencie no surgimento de outros tipos de vida complexa fora da Terra.
Em resumo, os cientistas propõem que a busca por vida fora da Terra deve focar em corpos celestes que tenham passado por diferentes eventos de estresse. Isso por que a evolução de formas de vida mais complexas é provável em planetas ou luas que enfrentaram grandes desafios, em contraste com a estagnação observada durante o ‘bilhão chato’.
De qualquer forma, é importante destacar que o estudo não foi revisado por pares e precisa de mais aprofundamento para trazer conclusões mais precisas.
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