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Ucrânia respira aliviada com a eleição do Parlamento Europeu

Antes da eleição para o Parlamento Europeu, realizada nos 27 países do bloco entre quinta-feira (6) e domingo (9), a União Europeia (UE) alertou sobre tentativas da Rússia de interferir no processo, supostamente interessada em eleger eurodeputados dispostos a interromper ou dificultar a ajuda do bloco à Ucrânia na guerra contra a ditadura de Vladimir Putin.

Entre apoio financeiro, humanitário, orçamentário de emergência e militar, a UE, seus estados-membros e suas instituições financeiras já destinaram mais de 100 bilhões de euros de ajuda à Ucrânia.

Quando os resultados da eleição para as 720 cadeiras do Parlamento Europeu começaram a ser divulgados, o governo de Volodymyr Zelensky respirou aliviado: mantiveram-se as condições políticas para que mais apoio à Ucrânia siga sendo aprovado na casa.

Para começar, o centro-direitista Grupo do Partido Popular Europeu (EPP, na sigla em inglês), da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, grande incentivadora do apoio a Kiev, obteve novamente a maior bancada no Parlamento, agora com 186 cadeiras (dez a mais do que na composição atual da casa).

Outro ponto é que a direita nacionalista, que conseguiu maior representação no Legislativo europeu, apesar de ter admiradores de Putin nas suas fileiras, é heterogênea em muitas áreas, e o apoio à Ucrânia é uma delas.

Há apoiadores escancarados do ditador russo, como o premiê da Hungria, Viktor Orbán, cuja coalizão obteve 11 dos 21 assentos do país no Parlamento Europeu.

Na semana passada, o primeiro-ministro chegou a dizer que apenas a vitória da direita nacionalista permitiria o fim da guerra na Ucrânia – deixando implícito que isso significaria o fim do apoio da UE a Kiev e que a Rússia poderia manter as áreas anexadas do país vizinho.

Entretanto, outros nomes de peso da direita nacionalista prometem manter o apoio aos ucranianos – como a premiê italiana, Giorgia Meloni, cujo partido, Irmãos da Itália, foi o mais votado no país, obtendo 24 das 76 cadeiras em disputa.

Na França, a líder do Restauração Nacional (RN), legenda mais votada no país (conseguiu 30 das 81 cadeiras francesas), Marine Le Pen, apesar da fama de “amiga de Putin” que teve no passado, também afirmou que a ajuda à Ucrânia deve continuar.

Em um pronunciamento na Assembleia Nacional da França em março, Le Pen afirmou que a Rússia “desencadeou uma guerra às portas da UE e uma crise geopolítica que é sem dúvida a mais dramática dos últimos 20 anos”.

“Devemos o nosso respeito e apoio à nação ucraniana, que sofreu agressão […]. É a resistência heroica do povo ucraniano que levará à derrota da Rússia”, disse Le Pen.

Um artigo assinado por vários analistas e publicado nesta terça-feira (11) pelo think tank britânico Chatham House apontou que o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia talvez seja a questão de política externa que mais atrai consenso no Parlamento Europeu: na última votação, em fevereiro, um novo pacote foi aprovado com 451 votos a favor, 46 contrários e 49 abstenções.

“Medidas de liberalização comercial ainda mais controversas entre a Ucrânia e a UE [também] têm uma grande maioria de apoio no Parlamento. É pouco provável que esse apoio mude, apesar do aumento do número de eurodeputados que apoiam o presidente [sic] da Rússia, Vladimir Putin”, destacaram os analistas.

A ONG Congresso Mundial Ucraniano, que articula organizações do país na diáspora, comemorou em comunicado o fato de que “a maioria pró-Ucrânia no novo Parlamento Europeu será mantida”.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira em Berlim ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, Zelensky disse que as eleições do Parlamento Europeu foram uma expressão da democracia, mas alertou para que eurodeputados pró-Putin não ganhem destaque.

“Penso que o mais importante é que, ao fazerem a sua escolha, as pessoas não votem apenas em slogans populistas pró-Rússia. Penso que isto é perigoso. Porque isto é perigoso, não para a Ucrânia. Já estamos na situação mais perigosa: estamos em guerra. Os slogans radicais pró-Rússia também representam uma ameaça para os seus próprios países”, argumentou Zelensky.

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