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Russos estão recrutando africanas para montar drones

Na busca por oportunidades, diversas jovens africanas estão sendo atraídas por anúncios de emprego nas redes sociais que prometem passagens aéreas gratuitas, salários atrativos e a chance de uma vida nova na Europa. No entanto, ao serem levadas para o local de destino, neste caso a Rússia, muitas delas estão descobrindo que, na verdade, estão sendo recrutadas para trabalhar em fábricas de drones iranianos que são utilizados pelos russos em sua invasão à Ucrânia.

Essa informação foi revelada nesta quinta-feira (10) por uma reportagem da agência Associated Press (AP). A matéria destaca que jovens africanas, recrutadas de países como Uganda, Ruanda, Quênia, Sudão do Sul, Serra Leoa e Nigéria, estão sendo levadas à Rússia com a promessa de participação em programas de estudo e emprego nos setores de hotelaria e alimentação. No entanto, a realidade é bem diferente: ao chegarem no país, elas estão sendo levadas para trabalhar em fábricas na república russa do Tartaristão, montando drones iranianos utilizados pelo exército do ditador Vladimir Putin.

Segundo a AP, essas jovens, com idades entre 18 e 22 anos, estão sendo recrutadas pela internet por meio do site “Alabuga Start”, um programa de recrutamento online. Ao se inscreverem em vagas que prometem boas remunerações, elas realizam apenas alguns testes de vocabulário em russo. Após serem selecionadas, são levadas para a Rússia e, em seguida, transferidas para a zona industrial do Tartaristão. A reportagem destaca que o regime russo enfrenta uma escassez de mão de obra devido ao conflito no país vizinho. De acordo com a investigação da agência americana, cerca de 200 jovens africanas estão atualmente ocupando cargos de montagem de drones em fábricas do Tartaristão.

Uma das jovens enganadas pela falsa promessa de emprego disse à AP que deixou um tudo em seu país natal para aceitar a oferta online. Sem querer revelar seu nome, a jovem, que atualmente trabalha em uma das fábricas, disse que se sente aprisionada em uma “armadilha”.

“A empresa [para onde foi levada] é toda sobre fazer drones. Nada mais”, disse ela à AP, expressando seu arrependimento de ter aceitado a oferta russa.

Nas fábricas de produção de drones, as jovens africanas relataram longas jornadas de trabalho sob constante vigilância, promessas de salários não cumpridas e riscos à saúde, como a exposição a substâncias químicas perigosas. Elas também afirmam que vivem em dormitórios vigiados e são submetidas a controles severos, como o uso de reconhecimento facial e proibições sobre o uso de telefones dentro das fábricas. Muitas mulheres relataram que a remuneração não é suficiente para cobrir as despesas básicas.

Desde a invasão da Ucrânia, a Rússia e o Irã firmaram um acordo de US$ 1,7 bilhão para produção de drones, e as fábricas na Rússia já produzem uma quantidade significativamente maior do que o planejado, com uma meta de produção de 6 mil drones por ano até 2025, revelou a AP.

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