Perseguição de Ortega reduz número de padres em diocese
A advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina, que investiga a perseguição da ditadura de Daniel Ortega à Igreja Católica na Nicarágua, relatou que a Diocese de Matagalpa (norte), uma das maiores do país e que antes tinha 71 padres, hoje conta com apenas 13.
Os detalhes do relatório mais recente de Molina foram publicados pelo jornal Confidencial nesta sexta-feira (16).
Segundo a advogada, os 13 sacerdotes restantes têm que contar com a ajuda de nove religiosos de outras dioceses para atender “615.685 fiéis batizados, distribuídos por 6.804 quilômetros quadrados”.
Molina afirmou que religiosos têm receio de serem enviados para a Diocese de Matagalpa porque “podem ser detidos arbitrariamente simplesmente por virem a esta diocese para apoiar o trabalho pastoral, que neste momento tem sido extremamente afetado”.
Também há perseguição contra os leigos que atuam nas paróquias, afirmou. “Neste momento, os delegados da palavra estão proibidos de celebrar a palavra, porque como não há padre na área, são os leigos que estão assumindo certas funções, como celebrar a palavra ou visitar os enfermos para lhes dar comunhão”, disse a advogada.
Ortega intensificou a perseguição à Igreja Católica nos últimos anos devido ao apoio de religiosos aos manifestantes dos protestos por democracia de 2018. A opressão inclui fechamento de instituições cristãs, confisco de bens, prisões e expulsões de religiosos e cerceamento a atividades religiosas.
A ditadura congelou as contas da Igreja Católica na Nicarágua em maio de 2023, o que, segundo Molina, está colocando em risco as atividades das casas de formação sacerdotal – a tendência é que muitas fechem as portas, alertou.