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Itália sob Meloni surge como refúgio de estabilidade na Europa

O ano de 2024 foi marcado por uma forte turbulência em duas das maiores potências políticas da Europa: Alemanha e França. No meio disso, a Itália, sob o governo direitista da primeira-ministra Giorgia Meloni, parece estar emergindo como um “refúgio” de liderança forte e estabilidade no continente.

No último dia 16, o Parlamento alemão derrubou o governo do chanceler Olaf Scholz, que perdeu uma votação de confiança depois de acompanhar o colapso de uma coalizão frágil, formada por sociais-democratas, verdes e liberais. Com isso, o país realizará eleições gerais antecipadas, que estão previstas para 23 de fevereiro.

Nesse mesmo sentido, o presidente francês, Emmanuel Macron, enfrenta uma fase delicada em sua gestão após mais uma queda de governo.

Pressionado, o líder europeu precisou escolher rapidamente um antigo aliado centrista para ocupar o cargo de premiê no lugar do conservador Michel Barnier, nove dias após uma votação de desconfiança ter derrubado seu Executivo, o mais curto do país desde a Segunda Guerra Mundial.

A nomeação de Macron foi uma aposta na ala mais à esquerda de sua aliança, na esperança de ganhar a indulgência dos socialistas, apesar disso não ser uma garantia de estabilidade de sua administração.

Em meio a esse caos, a Itália – no passado considerado um dos países mais ingovernáveis da Europa – ganha destaque político na União Europeia (UE) e nas relações com grandes potências mundiais, como os EUA.

Sob Meloni, uma das figuras da direita que mais ganhou destaque nos dois anos, o país começou a se reerguer, apresentando resultados econômicos relativamente positivos, além de um governo durável.

Aliados políticos esperam que nos próximos anos a líder italiana alcance um posto mais relevante nas negociações dentro da UE e, até mesmo, na mediação de conflitos que envolvem a Europa, como a Guerra da Ucrânia, conflito no qual Meloni tem apoiado Kiev contra a invasão do regime de Vladimir Putin.

Nas eleições do Parlamento Europeu, ocorridas em junho, o partido de Giorgia Meloni, o Irmãos da Itália, obteve quase 30% dos votos, enquanto seus aliados receberam cerca de 9%, cada.

Além disso, há uma esperança de que ela tenha um papel central nas negociações com os EUA, que será governado pelo presidente reeleito Donald Trump, e também conta com outra figura próxima da premiê, o bilionário Elon Musk.

Neste mês, Meloni se encontrou com Trump e Musk após a cerimônia de reabertura da Catedral de Notre Dame, em Paris.

Apesar da expetativa de uma aparição maior da Itália no cenário internacional, a primeira-ministra tem defendido políticas mais nacionais, visando melhorar a situação interna do país que, assim como outras nações do continente, enfrenta uma grave crise migratória.

Essa aparente estabilidade da Itália nos últimos dois anos tem como um dos efeitos uma melhoria na economia nacional, que ainda é atormentada por uma dívida nacional sufocante, mas está mostrando um vagaroso crescimento, com o apoio de fundos de recuperação da UE.

Segundo o jornal The New York Times, sob Meloni, o país começou a reduzir os gastos estatais, exportando mais tecnologia e produtos automotivos, ao mesmo tempo em que conseguiu novos investimentos estrangeiros para o setor industrial.

Segundo as estimativas, a economia italiana praticamente já igualou a taxa de crescimento geral da zona do euro, uma melhora marcante para um país há muito visto como um fardo econômico no continente.

Em outubro deste ano, a empresa de tecnologia Microsoft anunciou seu maior investimento na Itália até o momento. No mesmo sentido, a Amazon anunciou planos de gastar cerca de US$ 1,2 bilhão para expandir sua infraestrutura no país.

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