EUA registram aumento no número de abortos
Um levantamento divulgado no começo deste mês pela organização abortista Society of Family Planning (SFP) (Sociedade de Planejamento Familiar, na tradução livre) mostrou que nos primeiros três meses de 2024 os Estados Unidos enfrentaram um aumento significativo no número nacional de abortos realizados.
Conforme o levantamento, a média mensal de abortos realizados nos três primeiros meses deste ano no país foi de 98.990, um número maior que a média mensal de 84.000 registrada nos dois meses que antecederam o fim de Roe v. Wade, em 2022, quando a Suprema Corte americana derrubou a jurisprudência federal do caso e devolveu aos estados o poder de decidir sobre a proibição ou não do procedimento. Os números atuais superam também a média mensal registrada nos três primeiros meses de 2023 (86.967).
Essa elevação no número de procedimentos, segundo o levantamento, foi impulsionada pelo aumento da quantidade de abortos realizados em estados que ainda têm legislações permissivas. Illinois, Nova Jersey, Nova York e Califórnia, onde o aborto é liberado, foram os estados que mais contribuíram para o aumento dessa média mensal, tendo registrado os maiores aumentos no número total de abortos realizados no começo deste ano. A Califórnia, governada pelo democrata Gavin Newsom, liderou a média mensal de abortos realizados, com 16.217.
Em contrapartida, conforme o documento, os 14 estados americanos que implementaram proibições totais ao aborto (Alabama, Arkansas, Idaho, Kentucky, Louisiana, Mississippi, Missouri, Dakota do Norte, Oklahoma, Dakota do Sul, Tennessee, Texas, Virgínia Ocidental e Wisconsin) observaram uma queda acentuada no número de procedimentos. Segundo o levantamento, caso os procedimentos não tivessem sido proibidos nesses estados, cerca de 208.040 abortos poderiam ter sido realizados no período analisado.
O levantamento da SFP também aponta para o crescimento do uso de medicamentos abortivos como um impulso para a elevação nacional do número de abortos. Atualmente, as pílulas abortivas podem ser obtidas pelos cidadãos americanos nos estados onde o procedimento é liberado, por meio de uma simples consulta com um médico via telemedicina, sem necessidade de um encontro presencial, como ocorria anteriormente.
A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA), sob a gestão do governo Joe Biden, tem trabalhado para facilitar o acesso da população a esses medicamentos, chegando a permitir que eles sejam enviados pelos correios, logo após a consulta virtual. Em junho, a Suprema Corte dos EUA rejeitou apelos de grupos pró-vida para proibir o uso da Mifepristona, um dos medicamentos abortivos utilizados em mais de 60% dos procedimentos realizados em território americano.
Antes da revogação da Roe v. Wade, as consultas via telemedicina para abortos com medicamentos representavam apenas 5% dos procedimentos nos Estados Unidos. No entanto, de acordo com o jornal conservador americano National Review, essa porcentagem aumentou significativamente para 20% do total, impulsionada pela maior facilidade de acesso ao medicamento – que o Departamento de Justiça de Biden permitiu ser enviado pelos correios até mesmo para estados onde o aborto é proibido. Em 2023, os abortos induzidos por medicamentos foram responsáveis por cerca de 63% do número de procedimentos realizados nos EUA, um aumento significativo desde 2020, noticiou o jornal.
A liberação do aborto nos EUA vem sendo uma das principais bandeiras de campanha da vice-presidente Kamala Harris, a atual candidata democrata à presidência dos EUA.
Tanto Harris quanto o governador de Minnesota, Tim Walz, seu vice na chapa, prometeram priorizar a ampliação do acesso ao procedimento no território americano caso conquistem a Casa Branca em novembro. Walz, que é apoiado pela ala mais progressista do Partido Democrata, já assinou leis que facilitam o aborto em Minnesota.