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cresce a perseguição contra cristãos no Irã

O Irã é considerado um dos países que mais perseguem cristãos no mundo, ocupando a 9º posição no ranking da ong Portas Abertas, que compila dados globais sobre violência e intimidação contra adeptos do cristianismo.

No último ano, a nação persa, comandada por lideranças xiitas, intensificou os ataques contra os religiosos, por meio de prisões arbitrárias, o confisco de bíblias e outros materiais, e da vigilância na internet, visando combater a propagação da fé cristã, interpretada como uma “ameaça do Ocidente” ao islã e ao regime dos aiatolás.

Tanto é que a conversão de islâmicos ao cristianismo pode virar motivo de encarceramento no país. Um exemplo recente disso foi o caso do iraniano Esmaeil Narimanpour, cristão convertido do islã que foi libertado da prisão após passar mais de quatro meses detido pela acusação de fazer parte de “grupos cristãos sionistas”. Narimanpour ainda precisou passar por um processo de “reeducação religiosa”, segundo denunciaram organizações internacionais.

Da mesma forma, qualquer pessoa que seja descoberta como membro de uma igreja doméstica pode ser acusada de cometer “crime contra a segurança nacional”, outra estratégia bastante usada pelo regime, que pode render extensas penas de prisão. Mesmo depois de serem libertados, muitos cristãos continuam sendo monitorizados pelas autoridades, principalmente na internet.

Segundo a Portas Abertas, desde julho do ano passado é observada uma onda de detenções em massa contra religiosos no Irã. Alguns antigos prisioneiros que haviam sido libertados foram novamente presos nesse movimento.

Shabeddin Shahi, que está detido há cinco meses por uma condenação de 2019 por “propaganda contra o regime islâmico”, é um dos inúmeros cristãos que aguardam julgamento no país. Segundo a organização Middle East Concern, ele se apresentou no mês passado às autoridades e agora está esperando por novos interrogatórios e uma audiência final para saber seu destino.

O cristão já cumpriu parte da sentença cinco anos atrás e foi preso novamente em dezembro do ano passado com Milad Goodarzi e os irmãos Alireza e Amir Nourmohammadi.

Goodarzi, um líder cristão, foi raptado por agentes da Inteligência Iraniana, no ano passado, e levado para longos interrogatórios, junto a outros quatro membros de sua igreja, na região de Karaj, um grande subúrbio de Teerã. Além do sequestro, ele teve computador e celular confiscados na ação.

A liderança religiosa já havia cumprido três anos de uma condenação por “promover propaganda contra a República Islâmica”, acusação prevista em uma emenda do artigo 500 do Código Penal.

Os irmãos Alireza e Amir Nourmohammadi foram presos no mesmo período por realizarem atividades cristãs no Irã. Nas acusações, constava que eles propagaram “ensino depravado” e “propaganda contraria à santa lei islâmica ao compartilhar falsas afirmações sobre assuntos religiosos”. Cada um precisou pagar uma fiança de 300 milhões de tomãs (aproximadamente US$ 3 mil ou cerca de R$ 15 mil).

A ong Article 18, focada na proteção de direitos dos cristãos no mundo, divulgou um relatório em fevereiro deste ano, no qual mostrou que 166 adeptos do cristianismo foram detidos no ano passado, um aumento em relação às 134 detenções registadas em 2022.

Segundo a organização, essa tendência de crescimento da perseguição se mostrou mais evidente de junho a agosto, quando ocorreram 100 detenções, e depois surgiu mais uma onda de detenções em massa por volta do período do Natal.

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