atletas transgênero vão competir no boxe feminino
O Comitê Olímpico Internacional (COI, na sigla em inglês) autorizou nesta terça-feira (30) duas boxeadoras transgênero a competir na categoria feminina das Olimpíadas de Paris.
As atletas citadas na decisão são a argelina Imane Khelif, da categoria até 66kg, e a taiwanesa Lin Yu-ting, da categoria até 57kg. Ambas foram desqualificadas do campeonato mundial do ano passado por falharem nos testes de elegibilidade de gênero e níveis de testosterona.
Na competição de 2023, em Nova Delhi (Índia), Khelif deixou a competição horas antes de sua luta pela medalha de ouro após a Associação Internacional de Boxe (IBA, na sigla em inglês) informar que a atleta não cumpriu os requisitos de elegibilidade. Já a taiwanesa Yu-ting não pôde disputar a medalha de bronze pelo mesmo motivo.
Na ocasião, o presidente da IBA, Umar Kremlev, afirmou que o corpo das duas continha cromossomos XY, razão pela qual foram excluídas dos eventos esportivos. A associação disse naquela época que tomou a decisão “após uma revisão abrangente e que tinha como objetivo manter a imparcialidade e a integridade da competição”.
O Comitê Olímpico Internacional decidiu então excluir a IBA dos Jogos Olímpicos de Paris deste ano, deixando a Unidade de Boxe Paris 2024, do próprio COI, responsável pela gerenciamento do torneio, com regras “mais flexíveis” de seleção.
O porta-voz do COI, Mark Adams, deu uma declaração ao jornal inglês The Guardian elogiando a decisão de incluir as atletas transgênero na competição de Paris. “Isso [exclusão das atletas] é realmente injusto e cruel. Mas eu diria apenas que todos competindo na categoria feminina estão cumprindo as regras de elegibilidade da competição. Elas são mulheres em seus passaportes e é declarado que esse é o caso”, afirmou.
Questionado sobre as regras da seleção, Adams admitiu que elas eram “complexas”, principalmente quando se tratava daqueles que haviam passado pela puberdade masculina. Apesar disso, afirmou que a decisão deveria ser tomada por cada esporte e não pelo COI.
“Quanto à questão sobre testosterona e passar pela puberdade masculina, emitimos um documento de estrutura para todas as federações. […] E todos adorariam ter uma única resposta: sim, não, sim, não. Mas é incrivelmente complexo”, disse.
“E na verdade, isso se resume não apenas a esporte por esporte, mas a disciplina por disciplina. Então, as pessoas podem ter uma vantagem nesta disciplina e não nesta disciplina, se elas passaram pela puberdade masculina ou não”, afirmou ainda.
A argelina Imane Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting irão estrear na competição em Paris nesta quinta-feira (1º) e sexta-feira (2), respectivamente.