Como a geofísica planetária pode nos ensinar a encontrar vida fora da Terra
Diversos campos da ciência são utilizados como ferramenta para perscrutar os confins do nosso universo, em busca de mundos capazes de comportar vida. Entre esses campos, a geofísica tem um papel especial.
A geofísica é campo que estuda a composição e os processos físicos que ocorrem no interior do nosso planeta. Mas o que acontece abaixo dos nossos pés, também gera influência em tudo que está acima das nossas cabeças.
Como diz a célebre frase de Antoine-Laurent Lavoisier, considerado pai da química moderna: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, sendo assim, fenômenos que ocorrem no nosso mundo azul não poderiam também ocorrer em mundos similares ao nosso?
Um fenômeno interno do nosso planeta é um dos componentes formadores do campo magnético terrestre.Fonte: Getty Images
A espiadela no nosso quintal
Infelizmente ainda não podemos realizar voos de visita interplanetária para tomar um chá e coletar algumas amostras. Portanto, temos que utilizar ferramentas que possibilitem medições e análises indiretas do nosso objeto de interesse. E aqui entra a geofísica!
O estudo da composição do solo, suas camadas e dos processos físicos envolvidos no desenvolvimento e evolução do nosso planeta, pode nos fornecer pistas, quase uma receita, de como outros planetas com características similares a Terra se comportam.
Esse campo utiliza softwares e simulações que nos ajudam a compreender como determinados materiais podem interagir, se transformar, se acomodar em diferentes profundidades do solo ou ainda preservar propriedades que podem influenciar em fenômenos terrestres, tendo como, por exemplo, o campo eletromagnético da Terra.
A Teoria do Dínamo descreve haver uma camada líquida de Ferro e Níquel no núcleo externo terrestre, que está em constante movimento, que interagindo com o núcleo interno, gera uma corrente elétrica.
É essa corrente de energia a principal fonte geradora do campo magnético terrestre, segundo a teoria. O restante é formado pela influência de rochas magnéticas na crosta, ventos solares e a ionosfera.
A Terra é composta por diversas camadas que ajudam a regular a temperatura, geram forças como a gravidade, eletromagnetismo terrestre entre outros fenômenos.Fonte: Getty Images
Conhecer o funcionamento das camadas do nosso planeta e compreender processos físicos desencadeados pela interação de seus componentes é a principal pista para podermos olhar além de nossa atmosfera e buscar reconhecer, através da observação, se em outros planetas há ocorrência de fenômenos similares.
A geofísica planetária
Ainda que com cautela, podemos generalizar os dados coletados e analisados sobre o nosso planeta para traçar comparativos evolutivos em outros mundos. Dos planetas rochosos do nosso Sistema Solar, Mercúrio, Vênus e Marte, podemos extrair informações sobre como esses mundos nasceram e evoluíram ao longo dos milênios.
Com composições similares, os mesmos fenômenos físicos poderiam acontecer?Fonte: Getty Images
Estudando sua composição, o interior planetário, atmosfera, forças gravitacionais, campos magnéticos, abalos sísmicos, existência de oceanos, entre outros fenômenos que completam o mapa geofísico desses planetas, podemos inferir se há ou não condições para que a vida biológica possa existir e se manter nesses ambientes.
Esse mapeamento também é possível de ser realizado em planetas gasosos e outros corpos celestes, como: satélites, asteroides e outras orbes universo afora. Muitas missões espaciais utilizam ferramentas que fornecem dados para mapeamento geofísico.
Conhecer o coração dos planetas é o principal papel da geofísica planetária. Desse modo, podemos prever e descrever com certa exatidão quando um ambiente é favorável ou não à vida, ainda que a observação seja indireta. Os dados primordiais para olharmos desse modo para outros mundos foram gerados aqui, no nosso próprio planeta.
Você conhecia a geofísica? Então aproveita para entender, o que é a Astenosfera da Terra e qual a sua importância. E para mais estudos sobre o nosso planeta, continue acompanhando o TecMundo!