Credora acusa 777, da VascoSAF, de fraude para driblar dívida de US$ 20 mi
Uma credora acionou a 777 Partners, dona de 70% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Vasco da Gama, na Suprema Corte de Nova York para barrar uma transferência de subsidiárias considerada “fraudulenta” que, segundo a acusação, serviria apenas para blindar os ativos de uma dívida não paga de mais de 20 milhões de dólares.
No processo ajuizado em 7 de março contra a gestora de investimentos e seu diretor executivo, Steven Pasko, a Obra Capital descreve o movimento de mercado da 777 para, a partir de 2021, adquirir participações em vários clubes na Europa e na América Latina – como o Vasco – e as interrogações sobre a saúde financeira de suas operações deixadas pela “chamativa maratona de compras”.
“Sua aquisição do Everton FC (por 700 milhões de dólares) está travada há meses porque a 777 não providenciou balanços financeiros auditados dos últimos dois anos aos reguladores”, escreve a Obra. “Segundo relatos, o Departamento de Justiça dos EUA está investigando a 777 por lavagem de dinheiro e outras infrações.”
A transação contestada pela Obra Capital transferiu as subsidiárias Sutton Specialty Insurance Company e Sutton National Insurance Company da 777 para Pasko, sem ônus para o executivo.
“Como evidenciado pela longa lista de calotes da 777, no momento da transferência fraudulenta, a 777 estava (i) insolvente, (ii) envolvida ou prestes a se envolver em um negócio ou transação para que seus ativos remanescentes eram irrazoavelmente pequenos em relação ao negócio ou transação e (iii) pretendia contrair (dívidas) além de sua capacidade de pagar à medida que venciam”, alega a credora.
Além do Vasco da Gama no Brasil, a empresa também tem participações majoritárias em outros quatro clubes europeus de futebol: Hertha Berlin (Alemanha), Genoa (Itália), Standard Liege (Bélgica) e Red Star (França).
Alguns indícios do abalo nas finanças da dona da VascoSAF já apareceram também por aqui. No primeiro aporte que fez ao clube de São Januário, a 777 obrigou a SAF a devolver parte do dinheiro no dia seguinte, por meio de um empréstimo, para uma das sociedades do grupo.
O mal-estar causado por essa “manobra” fez com que o conselho fiscal da SAF reagisse de forma dura. Conselheiros fizeram constar em ata que aquele “subterfúgio” não seria mais permitido.
Já no segundo aporte, no ano passado, a empresa atrasou o repasse em mais de um mês. O pagamento só foi realizado depois que a diretoria do Vasco, recorrendo a dispositivos contratuais, notificou a 777 no sentido de exercer o seu bônus de subscrição, o que diluiria a participação dos norte-americanos na SAF.
A parcela do aporte prevista para este ano, no valor de 270 milhões de reais, é a maior delas. Não se sabe se a 777 terá condições de cumprir com o acordado.