Dieta do pai pode impactar na saúde dos filhos, sugere estudo
Uma nova pesquisa, publicada na Nature Communications no início de abril, mostrou que a dieta do pai pode influenciar na saúde mental e metabólica dos filhos. O estudo ajuda a entender como os efeitos da alimentação podem ser transmitidos de uma geração para outra através do esperma do pai.
Estudos anteriores, realizados com camundongos, já haviam descoberto que a dieta de ratos machos poderia ter um impacto não só na sua saúde reprodutiva, mas também na da sua descendência. Tanto a alimentação excessiva quanto uma dieta pobre em macronutrientes poderia afetar o metabolismo e o comportamento dos filhotes, bem como influenciar no risco de câncer.
Para entender se existem diferentes impactos na saúde da prole dependendo do tipo e da composição da dieta dos camundongos machos antes da concepção, cientistas do consórcio GECKO decidiram fazer um novo estudo. Nesta pesquisa, eles alimentaram ratos machos com uma das dez dietas que variavam nas proporções de proteínas, gorduras e carboidratos e, em seguida, permitiram que eles acasalassem com fêmeas criadas com dieta padrão.
Os cientistas descobriram que os ratos alimentados com dietas pobres em proteínas e ricas em carboidratos tinham maior probabilidade de ter filhotes machos com níveis elevados de ansiedade. Também descobriram que ratos machos alimentados com dietas ricas em gordura tinham maior probabilidade de ter filhas com níveis mais elevados de gordura corporal e maior risco para doenças metabólicas.
“Nosso estudo mostra que o tipo de dieta ingerida antes da concepção pode programar características específicas da próxima geração”, afirma Romain Barrès, co-autor sênior, líder do consórcio GECKO e professor da Universidade de Copenhague e da Université Côte d’Azur, Nice, em comunicado à imprensa.
“É extraordinário que, ao titular misturas de proteínas, gorduras e carboidratos na dieta do pai, possamos influenciar características específicas da saúde e do comportamento dos seus filhos e filhas. Há alguma biologia importante em jogo aqui”, diz o professor Stephen Simpson, co-autor sênior e diretor acadêmico do Centro Charles Perkins da Universidade de Sydney, também em comunicado.
O estudo também observou que tanto a quantidade de calorias quanto a composição de macronutrientes das dietas dos machos podiam influenciar na saúde dos seus descendentes.
“Acreditamos que o nosso estudo é um passo no sentido de estabelecer diretrizes alimentares para os futuros pais, com o objetivo final de reduzir o risco de doenças metabólicas e distúrbios de humor na próxima geração”, afirma Romain Barrès.
Compartilhe: