Netanyahu lembra colaboracionismo francês com o nazismo
Num novo capítulo das tensões diplomáticas entre França e Israel nas últimas semanas, o presidente francês, Emmanuel Macron, criticou o governo de Benjamin Netanyahu por não cumprir decisões da ONU sobre cessar-fogo no Oriente Médio e recebeu uma resposta forte do premiê israelense.
Segundo informações do jornal Le Monde, Macron disse no Conselho de Ministros da França nesta terça-feira (15) que “Netanyahu não deve esquecer que seu país foi criado por uma decisão da ONU”, referindo-se à votação da Assembleia Geral das Nações Unidas em novembro de 1947 que criou um Estado judeu e um árabe na Palestina.
“E, portanto, este não é o momento de romper com as decisões da ONU”, disse o presidente da França.
Em junho, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução apresentada pelos Estados Unidos para um plano de trégua no conflito com o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, que Israel rejeitou.
Além disso, no último fim de semana, Israel pediu a retirada da missão de paz da ONU no sul do Líbano (Unifil), criada em 1978. A resolução 1.701, aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para pôr fim à guerra entre Israel e Hezbollah em 2006, prevê que apenas as tropas da ONU e libanesas podem atuar no sul do Líbano, onde as forças israelenses iniciaram recentemente uma ofensiva terrestre contra o grupo terrorista.
Nesta terça-feira, Netanyahu rebateu Macron com um comunicado. “Um lembrete ao presidente da França: não foi a resolução da ONU que estabeleceu o Estado de Israel, mas sim a vitória alcançada na guerra de independência [1948-49] com o sangue de combatentes heroicos, muitos dos quais eram sobreviventes do Holocausto – incluindo do regime de Vichy na França”, disse o premiê israelense, citando o regime francês que colaborou com os invasores nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Netanyahu também afirmou nesta terça-feira a Macron durante um telefonema que não aceitará “um cessar-fogo unilateral” no Líbano, onde ocorre a ofensiva contra o Hezbollah.
Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores da França convocou o embaixador israelense em Paris após ataques sofridos pela Unifil.
Israel alega que o Hezbollah tem usado as estruturas e as forças da Unifil como escudos e pediu para que as forças da ONU se retirem do sul do Líbano. Dias antes da convocação do embaixador, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, defendeu um embargo de armas a Israel proposto anteriormente por Macron.