Voto de “não cidadãos” pode influenciar eleições nos EUA
Estatísticas do Centro de Estudos de Imigração (Center for Immigration Studies, CIS, na sigla em inglês), ONG sediada em Washington DC, e do Departamento do Censo dos EUA, mostram que mais de um milhão de “não cidadãos” podem votar nas eleições presidenciais de novembro.
Os números convergem com outro estudo recente, publicado pelo instituto de pesquisas Just Facts, que estimou entre 1 milhão a 2,7 milhões de pessoas não naturalizadas ou que estão de forma ilegal no país que provavelmente votariam no pleito.
O termo “não cidadão” usado nas pesquisas se referem a possíveis eleitores entre residentes legais dos EUA, mas não naturalizados, e imigrantes ilegais.
Dos sete estados principais para o pleito de novembro, a Geórgia tem o maior número de possíveis eleitores sem cidadania ou não naturalizados: 787.588, de acordo o Centro de Estudos de Imigração.
A Carolina do Norte aparece em seguida na lista, com 726.079, e no Arizona, um estado decisivo, 611.717 pessoas têm esse “status”, segundo os números coletados do Departamento do Censo no primeiro trimestre de 2024 e analisados pelo CIS a pedido do jornal Daily Signal.
A Pensilvânia possui 516.123 dos possíveis eleitores sem cidadania com idade para votar, enquanto os outros estados são o Michigan (271.138 pessoas), Nevada (258.736) e Wisconsin (129.600).
Steven Camarota, diretor de pesquisa do CIS, afirmou que, mesmo com um comparecimento baixo desses não cidadãos nos locais de votação, o resultado das eleições presidenciais entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris poderia ser alterado.
“Em alguns estados, mesmo que apenas uma parcela modesta de não cidadãos votasse, isso poderia possivelmente virar o estado, já que alguns estados provavelmente serão decididos por menos de 30 mil votos”, disse ao Daily Signal. “Claro, isso não significa que isso realmente aconteceu ou vai acontecer”.
O estudo divulgado em março pela instituto de pesquisas Just Facts apontou, com base em dados do censo federal, que mais de 19 milhões de pessoas sem cidadania ou não naturalizados vivem nos EUA, atualmente.
Apesar do alto número de “não cidadãos” nesses estados importantes, não há fatos concretos que possam confirmar uma influência significativa nas eleições presidenciais. Isso porque há mecanismos em cada estado para investigar possíveis irregularidades dos eleitores.
De acordo com o ranking de integridade eleitoral do think tank Heritage Foundation, a Geórgia, por exemplo, com o maior número de não cidadãos em idade de votar, possui um sistema eficaz para verificar a cidadania no registro de eleitores.
No levantamento, o estado recebeu o máximo de quatro pontos para essa categoria, ficando par a par com o Tennessee.
O Arizona ficou em terceiro lugar nesse ranking, com três de quatro pontos. Contudo, há estados que receberam nota zero nessa categoria, como o Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin.
A atual legislação de alguns estados permite o voto de “não cidadãos” em 17 jurisdições na Califórnia, Maryland, Vermont e no Distrito de Colúmbia. Mas esse direito é restrito a eleições locais, como para prefeito, conselho municipal ou conselho escolar.
Em maio deste ano, um grupo de vigilância governamental chamado Public Interest Legal Foundation [Fundação Jurídica de Interesse Público, na tradução livre] informou que o Departamento Eleitoral de Boston removeu 70 “não cidadãos” das listas de eleitores da cidade.
O secretário de Estado de Ohio, Frank LaRose, também ordenou a remoção de 137 pessoas não naturalizados ou ilegais das listas eleitorais.
De acordo com o Daily Signal, em maio do ano passado, o Departamento Eleitoral da Virgínia também removeu 1.481 “não cidadãos” dos registros eleitorais; 335 não cidadãos votaram nas eleições da Virgínia nos quatro anos anteriores. Outros estados tomaram as mesmas medidas, aumentando a verificação de cidadania dos eleitores.