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Espionagem chinesa volta ao radar dos EUA

Nos últimos meses, a China voltou ao radar da inteligência dos Estados Unidos após a abertura de várias investigações que mostram como o gigante asiático tem investido em sua espionagem, inclusive para influenciar a política e a economia americanas.

No site do FBI, é possível encontrar a informação de que essa ameaça é “a principal prioridade da contrainteligência” atualmente.

Um dos casos mais chocantes nesse sentido envolve a ex-chefe de gabinete da governadora de Nova York, a democrata Kathy Hochul, e do ex-governador Andrew Cuomo.

No início do mês, a chinesa Linda Sun, uma importante assessora política, foi presa sob acusação de conspirar com diplomatas e autoridades do Partido Comunista Chinês (PCCh) para conseguir benefícios em Nova York. Segundo os promotores do caso, ela teria usado sua posição para promover os interesses de Pequim no estado.

Seu marido e corréu, Chris Hu, também foi detido acusado de conspiração para lavagem de dinheiro e conspiração para cometer fraude bancária, bem como uso indevido de meios de identificação.

“Conforme alegado, embora parecessem servir ao povo de Nova York como vice-chefe de gabinete na Câmara Executiva do Estado de Nova York, a ré e seu marido na verdade trabalharam para promover os interesses do regime chinês e do PCCh”, disse o procurador dos EUA, Breon Peace, quando o caso veio a público.

O governo federal afirma que Sun era uma agente não registrada da ditadura de Xi Jinping e que seu marido se envolveu em lavagem de dinheiro enquanto se beneficiava de milhões de dólares em subornos de autoridades de Pequim.

Um trecho da acusação afirma que a ex-assessora tinha “um padrão chocante” de colaboração com o consulado-geral da China em Nova York. As investigações apontam que em 2020 ela teria permitido que um diplomata chinês ouvisse uma teleconferência privada para autoridades de Nova York sobre a resposta do governo à pandemia de Covid.

Outra denúncia contra a suposta espiã diz que oficiais do regime chinês e do PCCh a instruíram a restringir lideranças de Taiwan de se relacionarem politicamente com autoridades de Nova York. Pequim considera o atual governo de Taiwan como um movimento separatista traidor e busca anexar Taipei.

Em 2017, Sun viajou para a China em uma excursão organizada pelo Overseas Chinese Affairs Office, uma subsidiária do United Front Work Department, o departamento de influência política do PCCh, mostrando sua proximidade com o regime de Xi Jinping.

Apesar de ser o caso mais emblemático dos últimos meses, mais recentemente o governo de Joe Biden tomou outra decisão visando lidar com as ameaças crescentes de espionagem vindas de Pequim: a proibição de veículos com tecnologia de China e Rússia, outro país bastante vigiado pelos EUA.

A nova proposta da Casa Branca surge após uma investigação de meses sobre softwares e conexões digitais que poderiam ser usados ​​para espionar americanos ou sabotar os veículos, segundo o governo. A medida foi classificada como “uma ação de segurança nacional”.

Uma reportagem do jornal Financial Times também revelou que o FBI investiga uma empresa de investimentos com sede na Califórnia, controlada por um bilionário chinês, que também é membro do Partido Comunista Chinês e um antigo funcionário da ditadura de Xi Jinping.

Shan Xiangshuang é dono da Hone Capital, empresa investigada por uma “possível transferência de propriedade intelectual para a China”.

A preocupação do FBI surgiu após ser identificado que a empresa investiu em quase 400 startups de tecnologia americanas, levantando suspeitas em relação à segurança nacional em meio ao aumento das tensões comerciais entre Washington e Pequim.

A empresa de Xiangshuang adquiriu participações em áreas sensíveis de Washignton, envolvendo tecnologias críticas, desde inteligência artificial até segurança cibernética e aeronaves supersônicas, segundo informou o Financial Times.

No início do ano, os EUA já haviam anunciado a abertura de uma investigação contra Pequim envolvendo a vigilância da base militar americana de Pearl Harbor, no Havaí.

Segundo o think tank The Heritage Foundation, houve ao menos 14 casos de tentativas de acesso ou vigilância ilegal por parte de cidadãos chineses na base ou em suas proximidades desde 2018.

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