Japão mobiliza caças após invasão russa em seu espaço aéreo
O governo do Japão enviou um forte protesto diplomático à Rússia devido à incursão de uma aeronave militar de Moscou em seu espaço aéreo ao norte do arquipélago nesta segunda-feira (23), enquanto Rússia e China realizam manobras conjuntas na região.
A aeronave russa de patrulha marítima Ilyushin Il-38 penetrou o espaço aéreo até três vezes perto da ilha japonesa de Rebun, no mar do Japão, e perto da ilha de Hokkaido, no norte do país, disse o porta-voz do poder Executivo, Yoshimasa Hayashi, à imprensa local.
Tóquio “transmitiu um forte protesto à Rússia por meio de canais diplomáticos” e pediu que o país vizinho “faça o possível para evitar a recorrência de tais incidentes”, acrescentou o porta-voz japonês.
As Forças de Autodefesa do Japão responderam com o envio de seus caças, que lançaram um dispositivo semelhante a um sinalizador para alertar as aeronaves russas sobre sua invasão, informou o Ministério da Defesa.
A incursão ocorreu entre 13h e 15h locais (entre 1h e 3h em Brasília) desta segunda-feira, mesmo dia em que os exercícios navais conjuntos de China e Rússia no mar do Japão entraram em sua segunda fase, na qual os navios de guerra dos dois países realizarão práticas com munição real.
Os exercícios incluirão cenários como escolta marítima e aérea, alerta e defesa, defesa aérea e de mísseis e exercícios de artilharia com fogo real, de acordo com a imprensa chinesa.
Tóquio vem denunciando a recente intensificação das manobras navais e aéreas de China e Rússia em torno de seu território, o que incluiu vários incidentes, como o mais recente, em que o espaço aéreo japonês foi violado.
Em agosto, uma aeronave da inteligência militar chinesa violou brevemente o espaço aéreo nacional japonês, a primeira violação desse tipo no arquipélago por uma aeronave do gigante asiático.
No dia 12, o Japão enviou caças de suas Forças de Autodefesa em resposta às manobras realizadas por duas aeronaves russas, que se aproximaram do território disputado entre os dois países no norte do arquipélago japonês.
Muitas dessas atividades militares ocorreram em torno das disputadas ilhas Senkaku (administradas por Tóquio, mas reivindicadas por Pequim, que as chama de Diaoyu) ou, como no caso atual, ao norte do Japão, onde estão localizadas as ilhas Kurils.
Quatro ilhas do arquipélago de Kuril, com 56 ilhas e ilhotas, foram ocupadas pela Rússia durante a Segunda Guerra Mundial e a disputa por sua soberania é o principal obstáculo nas relações bilaterais.
Em 1956, União Soviética e Japão assinaram uma declaração retomando as relações diplomáticas e estabelecendo os padrões a serem cumpridos pelas partes para a assinatura do tratado de paz, incluindo uma cláusula sobre a devolução de duas das ilhas, embora isso não tenha sido cumprido desde então.