“tem o direito de não gostar” de cobranças
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relativizou nesta sexta (30) as críticas que o ditador venezuelano Nicolás Maduro fez ao Brasil na última quarta (28) de que não “se meteu” na situação eleitoral do país em 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) não reconheceu a vitória do petista.
A dura fala do líder venezuelano ocorreu em meio às cobranças do Brasil e de outros países do mundo pela divulgação das atas de votação que supostamente comprovariam sua vitória, e que vem sendo contestada pela oposição por não terem sido publicizadas.
Maduro afirmou que repassou as atas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para o Supremo Tribunal de Justiça venezuelano, que confirmou a vitória e determinou sigilo sobre os documentos.
Lula, no entanto, relativizou as críticas e afirmou que segue sem reconhecer a vitória de Maduro e mesmo do opositor Edmundo González Urrutia, como outros países já fizeram.
“Eu não estou questionando a Suprema Corte. […] Nós estamos exigindo a prova. Obviamente que ele tem o direito de não gostar, porque eu falei que era importante que convocasse novas eleições”, afirmou Lula em entrevista à rádio MaisPB, de João Pessoa, onde cumpre agenda ao longo do dia.
Ele ainda lembrou que Maduro ignorou a análise das atas pelos membros da oposição no colegiado do CNE.
O presidente ainda afirmou que sempre se preocupou com a Venezuela por conta da longa fronteira que tem com o Brasil e pela relação comercial, e que chegou a enviar uma carta a Maduro após a morte de Hugo Chavez, em 2013, explicando o trabalho que tinha feito para o ex-presidente ser aceito pela comunidade internacional.
Lula afirmou que “sinceramente” não sabe o que o ditador fez com a carta, mas que “fez uma opção política”.
“O Maduro cuide de lá, ele arque com as consequências do gesto dele, e eu arco com as consequências do meu gesto. Agora, eu tenho consciência política de que eu tentei ajudar muito”, completou Lula.
Ele também diz não aceitar o que o ex-aliado Daniel Ortega, da Nicarágua, fez ao expulsar o embaixador brasileiro Breno da Costa, no começo do mês, por não ter comparecido à comemoração dos 45 anos da Revolução Sandinista.
Isso levou o governo a expulsar também a representante nicaraguense em Brasília, Fulvia Matu, seguindo o princípio da reciprocidade.
“O Ortega enveredou por outro caminho já há muito tempo”, disse Lula lembrando que teve os telefonemas ao ditador nicaraguense ignorados após o apelo feito a ele pelo Papa Francisco para negociar a libertação do bispo católico Rolando Álvarez, preso pelo regime.
Ele completou afirmando que “esse comportamento eu não aceito, esse país é muito grande, não tem contencioso com ninguém e também não quero contencioso com ninguém”. E pontuou que não tomará a mesma atitude se algum embaixador estrangeiro em Brasília não comparecer à comemoração da Independência.