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Ofensiva na Rússia é aposta da Ucrânia para forçar negociações

O governo da Ucrânia reiterou nesta terça-feira (13) que a incursão iniciada na semana passada na região russa de Kursk, no sudoeste do país vizinho, faz parte de uma estratégia com o objetivo de obrigar o Kremlin a iniciar negociações para interromper a guerra no leste europeu, iniciada em fevereiro de 2022.

Segundo informações da agência Reuters, o conselheiro da presidência da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, afirmou numa entrevista a uma emissora de televisão local que o único jeito de fazer a Rússia participar de uma cúpula sobre paz é por meio de métodos coercitivos.

“Simples apelos à Rússia não funcionam, apenas um conjunto de ferramentas coercitivas funciona”, disse Podolyak, que também citou as sanções econômicas e a pressão diplomática como ferramentas para forçar esse diálogo.

Nesta terça-feira, o governo da Ucrânia afirmou já ter assumido o controle de 74 localidades em Kursk e que suas tropas continuam avançando.

“É destruição de infraestrutura de guerra e formação das chamadas zonas sanitárias para que a Rússia não possa usar lá equipamentos [militares] que atinjam profundamente o território da Ucrânia”, explicou Podolyak.

As declarações do conselheiro ecoam um pronunciamento que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez na noite de segunda-feira (12).

“A Rússia deve ser forçada à paz se [o ditador russo, Vladimir] Putin quer lutar tanto”, disse. “A Rússia levou a guerra para os outros, agora ela está voltando para casa. A Ucrânia sempre quis apenas a paz, e certamente garantiremos a paz”, afirmou Zelensky.

Putin impôs como exigências para a paz com a Ucrânia que Kiev aceite conceder mais território além do ocupado (ou seja, abrir mão da área integral de todas as quatro regiões invadidas pelas tropas russas, que não as controlam totalmente) e que os ucranianos desistam de aderir à OTAN. Já a Ucrânia condiciona iniciar conversas à saída das tropas russas do país.

Nesta terça-feira, o jornal The Moscow Times informou que Putin designou seu assessor e ex-guarda-costas Alexei Dyumin para supervisionar a resposta militar à ofensiva ucraniana em Kursk.

Dyumin é secretário do Conselho de Estado russo e já foi vice-ministro da Defesa e vice-chefe do GRU, as forças de operações especiais russas.

Ele foi apontado como tendo um papel fundamental na anexação russa da península ucraniana da Crimeia, em 2014, e de ter organizado a retirada do presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovych no mesmo ano, após protestos exigindo sua saída devido à sua aproximação com o Kremlin e distanciamento do Ocidente. O nome de Dyumin já foi especulado como possível sucessor de Putin.

“A nomeação de Alexei Dyumin como um oficial sênior com poderes abrangentes para lidar com a crise operacional na região de Kursk indica que as forças de segurança foram incapazes de resolver problemas de coordenação de forma independente, sem a intervenção de Moscou”, afirmou o canal russo Rybar no Telegram.

“O papel de Dyumin é assumir o controle total da situação, encerrando esforços superficiais e começando a lidar com a crise diretamente”, acrescentou.

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