Hackers encontram vulnerabilidade em urnas eletrônicas nos EUA
Durante o evento DEF CON Voting Village, uma conferência sobre cibersegurança realizada em Las Vegas, Nevada (EUA), hackers identificaram diversas vulnerabilidades em equipamentos eletrônicos de votação que são utilizados em alguns estados americanos.
O evento, que teve início no último domingo (11) e se estendeu até esta terça-feira (13), contou com a participação de hackers para examinar a segurança das máquinas de votação e dos sistemas digitais conhecidos como “e-poll books”, cadernos eleitorais eletrônicos utilizados para verificar a identidade dos eleitores e prevenir votos duplicados.
O jornal americano Politico noticiou que esses hackers foram convocados para participar do teste com a missão de detectar falhas nesses dispositivos que poderiam ser corrigidas antes das eleições presidenciais, marcadas para 5 de novembro. No entanto, a complexidade dos problemas encontrados por estes hackers nas máquinas e sistemas é tamanha que, segundo o jornal, não há tempo suficiente para implementar as correções necessárias até a data das eleições.
A informação sobre essa descoberta gera preocupações significativas acerca da segurança do pleito de novembro e da integridade do processo eleitoral americano. Segundo analistas ouvidos pelo Politico, o processo de correção das vulnerabilidades descobertas pelos hackers seria complexo e demorado, envolvendo etapas que precisariam de mais de 90 dias para serem realizadas. A falta de tempo indica que, mesmo com as vulnerabilidades identificadas, algumas dessas máquinas ainda poderão ser utilizadas.
Catherine Terranova, uma das organizadoras do DEF CON Voting Village, expressou ao Politico sua frustração com a impossibilidade de corrigir as falhas detectadas durante o evento antes do dia da eleição. A falta de um sistema ágil para corrigir tais vulnerabilidades também foi alvo de críticas de grupos responsáveis pela segurança eleitoral dos EUA, que observam o problema como um forte argumento para aqueles que trazem a ideia de questionar os resultados oficiais das eleições, noticiou o jornal americano.
Conforme informou o Politico, durante o Voting Village os participantes testaram uma ampla gama de equipamentos utilizados nas eleições americanas, tentando superar firewalls e outras medidas de proteção, com o objetivo de identificar as principais falhas de segurança.
Os problemas detectados durante este teste não foram especificados publicamente no evento, mas a organização do Voting Village planeja fornecer um relatório completo sobre as vulnerabilidades encontradas nos próximos dias.
A segurança eleitoral dos EUA tem enfrentado intensos questionamentos e preocupações, especialmente com o risco crescente de interferência estrangeira no processo eleitoral. Relatórios divulgados pela Microsoft e outras fontes apontam que países como China, Rússia e Irã trabalham para ameaçar a integridade das eleições de novembro.
Sistemas distintos
O sistema eleitoral dos EUA conta com uma variedade de métodos de votação, cada um regulado e aplicado de acordo com as normas específicas de cada estado, que possuem autonomia para definir seus próprios sistemas de voto e procedimentos de apuração.
Entre os principais métodos de registro de voto utilizados pelos americanos estão as cédulas de papel, preenchidas manualmente pelo eleitor e digitalizadas em um local de votação ou em um centro de contagem; os sistemas de Gravação Direta Eletrônica (DRE), que utilizam máquinas eletrônicas e gravam votos diretamente em memória digital e podem incluir impressoras para confirmação de votos (foram esses os equipamentos testadas pelos hackers); e os Dispositivos de Marcação de Voto (BMD), que permitem aos eleitores marcar suas escolhas em uma cédula de papel com o auxílio de interfaces sensíveis ao toque e recursos de acessibilidade.
Na última eleição presidencial, em 2020, apenas o estado de Louisiana utilizou somente o DRE como método de registro de votos. Outros que fizeram o uso do equipamento também optaram por um sistema a mais para confirmação do voto.
Nas eleições deste ano, conforme informações da mídia americana, as cédulas de papel estão previstas para serem utilizadas por 69% dos eleitores, enquanto os sistemas DRE devem ser utilizados por 5% deles e os dispositivos BMD por quase 26% (já que são utilizados por eleitores que possuem necessidades especiais).