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9 funcionários “podem” ter tido envolvimento com Hamas

A Organização das Nações Unidas afirmou nesta segunda-feira (5) que nove dos 19 funcionários da Agência de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) que estavam sendo investigados após alegações de Israel de conluio com o grupo terrorista Hamas “podem” ter participado dos atentados de 7 de outubro de 2023.

O Departamento de Assuntos Internos (OIOS, na sigla em inglês), responsável pela investigação, concluiu que, em nove casos, as evidências disponíveis “indicam que os funcionários da UNRWA podem ter se envolvido nos ataques armados” do Hamas, de acordo com o porta-voz da ONU, Farhan Haq.

O porta-voz especificou que a conclusão, que se refere a uma probabilidade, deve-se ao fato de que o OIOS “não conseguiu comprovar de forma independente as informações fornecidas a ele e mantidas pelas autoridades israelenses” em relação às provas contra os funcionários da UNRWA.

As evidências que sustentam as alegações contra esses nove funcionários “poderiam, se comprovadas e corroboradas, fornecer uma base factual para concluir que os membros da equipe da UNRWA podem ter se envolvido em condutas puníveis de acordo com os regulamentos e regras da agência”, explicou.

Em comunicado à imprensa, o OIOS informou que em um dos 19 casos não obteve evidências para sustentar as alegações de envolvimento nos ataques, e em outros nove, as evidências obtidas “eram insuficientes” para fazê-lo; esses dez devem enfrentar possíveis “ações” disciplinares “no devido tempo”.

“Com relação aos nove casos restantes, as provas obtidas pelo OIOS indicam que membros da equipe da UNRWA podem ter estado envolvidos nos ataques armados de 7 de outubro de 2023. O contrato de trabalho desses indivíduos será rescindido em interesse da agência”, disse.

O OIOS explicou que “restringiu conclusões a evidências, obtidas predominantemente de autoridades israelenses, apontando o suposto envolvimento dos indivíduos nos ataques (…) e não tirou conclusões sobre a suposta participação na ala militar do Hamas ou em outro grupo militante”.

O órgão investigativo enfatizou que a ONU não tem jurisdição criminal sobre os funcionários e que o inquérito era administrativo, com sanções disciplinares como uma ferramenta para responder a qualquer má conduta, violações da lei organizacional e administrativa.

Também revelou que o relatório da investigação foi entregue em 31 de julho diretamente ao secretário-geral da ONU, António Guterres, incluindo um resumo das descobertas e conclusões, para ajudá-lo a “agir” em relação aos 19 funcionários visados, e que “não será tornado público”.

Os nove casos em questão, todos homens, disse, foram “encaminhados para uma decisão” sobre possíveis sanções.

Ele também esclareceu que, do total de 19 funcionários visados, um já faleceu e a ONU não acredita que os demais estejam sob custódia israelense.

Para a investigação, o OIOS fez visitas a Israel para “receber e revisar” informações em posse do país, e a Amã, na Jordânia, para fazer o mesmo com as informações sob posse da UNRWA, além de revisar dados de correspondências, veículos da agência, dados publicados em órgãos de imprensa e comunicações com estados-membros.

Entretanto, o OIOS afirmou que “não se reuniu com os funcionários da UNRWA citados e possíveis testemunhas para corroboração, entrevistas e declarações”, embora tenha obtido gravações em que alguns deles respondem a perguntas sobre as alegações.

Em janeiro, Israel acusou 12 funcionários da UNRWA de envolvimento em ataques do Hamas – número que foi ampliado para 19 em abril -, após o que vários doadores suspenderam o financiamento da agência, decisão que foi revertida por todos, exceto pelos Estados Unidos, um firme aliado de Israel.

Conteúdo editado por:Fábio Galão

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