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fraude pode gerar emigração de 3 milhões de pessoas

A “vitória” de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela, marcada por denúncias de fraude e arbitrariedades, pode intensificar ainda mais a crise migratória que assola o país há uma década.

Desde 2014, segundo o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, cerca de 8 milhões de venezuelanos deixaram seu país natal devido a instabilidade política e a crise econômica persistente.  

A Plataforma Unitária Democrática (PUD), que abriga os principais partidos de oposição, afirma que o verdadeiro vencedor do pleito realizado no último domingo (28) foi Edmundo González Urrutia. Os opositores já apresentaram evidências que apontam para uma manipulação dos resultados oficiais por parte do chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que ratificou a vitória de Maduro com supostamente 96% das urnas apuradas, sem apresentar as atas oficiais.

O cenário caótico e as chances ínfimas de Maduro ceder o poder pacificamente têm aumentado ainda mais a incerteza e o desespero entre a população venezuelana.

Analistas alertam que essa situação pode contribuir significativamente para o aumento da onda de emigração que a Venezuela já vem enfrentando. Benigno Alarcón, diretor do Centro de Estudos Políticos e de Governo da Universidade Católica Andrés Bello, destacou ao portal venezuelano Efecto Cocuyo que essa “reeleição” de Maduro, especialmente em meio a tantas controvérsias, tem servido apenas para acentuar a desesperança do povo venezuelano, o que pode levar muitos cidadãos a buscar refúgio em outros países.

“Podemos estar falando de um êxodo que pode chegar a cerca de 10% da população, pelo menos, em um período muito curto, tão curto quanto um ano”, disse Alarcón ao Cocuyo.

“Estamos falando que podemos ter uma saída de 2,5 milhões a 3 milhões de pessoas nos próximos meses se esse conflito [a disputa eleitoral] não for resolvido de maneira adequada”, acrescentou.

A opinião de Alarcón é corroborada por uma pesquisa divulgada pela CNN En Español, realizada antes das eleições pela organização ORC Consultores, onde mais de 18% dos entrevistados afirmaram que deixariam o país caso Maduro permanecesse no poder.

Com o ditador reafirmando diariamente sua posição de não deixar o Palácio Miraflores, o cenário pós-eleitoral na Venezuela está longe de ser pacífico. Protestos têm sido registrados em diversas partes do país, com relatos de confrontos violentos entre manifestantes e as forças de segurança leais ao chavismo.

Enquanto isso, a comunidade internacional, excluindo as ditaduras da Rússia e China, que já reconheceram de fato a “vitória” de Maduro, tenta pressionar o regime de Caracas por uma apresentação transparente dos votos, algo que o CNE ainda se recusa a fazer.

Por sua vez, a líder opositora María Corina Machado e o candidato González apresentaram em um site atas das seções eleitorais que conseguiram obter que comprovam a vitória por uma larga vantagem da oposição. Este movimento contribuiu para que os EUA reconhecessem González como o vencedor da disputa presidencial.

Crise internacional

O êxodo forçado de venezuelanos já é uma das maiores crises humanitárias do mundo, com milhões de cidadãos refugiados e migrantes espalhados por toda a América Latina e do Norte.

Países como Colômbia, Peru, Estados Unidos e próprio Brasil têm sido os principais destinos desses migrantes e refugiados, que muitas vezes enfrentam condições precárias e desafios significativos para se integrarem em suas novas comunidades. Em 2023, os venezuelanos foram um dos maiores grupos de migrantes detidos na fronteira dos Estados Unidos, com mais de 260 mil pessoas registradas.

A situação tem sido particularmente crítica para os jovens venezuelanos, que veem cada vez menos perspectivas de futuro em seu país natal. Leonela Colmenares, uma ativista opositora de 28 anos, é um e exemplo disso. Ao The New York Times, Colmenares expressou sua frustração e afirmou que, caso Maduro siga no poder, ela planeja atravessar a perigosa selva de Darién e seguir até a fronteira sul dos Estados Unidos, onde deverá iniciar um processo de pedido de asilo.

Nesta quinta-feira (1º), temendo uma nova onda migratória de venezuelanos, o Chile decidiu reforçar sua segurança nas fronteiras.

Maduro nunca assumiu a responsabilidade pela crise que assola seu país. O ditador prefere transferir a culpa para as sanções dos EUA impostas contra o seu regime, que é acusado de perseguir, prender e torturar opositores.

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