Trump tem pela frente seu primeiro julgamento criminal
Na segunda-feira (15), um tribunal de Nova York inicia o
primeiro julgamento criminal da história em que um ex-presidente dos Estados
Unidos sentará no banco dos réus.
Donald Trump, presidente americano entre 2017 e 2021 e
candidato do Partido Republicano na eleição de 5 de novembro, responde a 34 acusações
de que teria fraudado registros das suas empresas para ocultar um pagamento de
US$ 130 mil à atriz pornô Stormy Daniels, para que ela não revelasse antes da
eleição de 2016 um relacionamento que ambos tiveram dez anos antes.
A previsão é que o julgamento, que começa com a seleção do
júri, deva durar mais de um mês.
São 34 acusações contra Trump porque, segundo a promotoria,
este teria sido o número de vezes que registros da Trump Organization foram
alterados para esconder o reembolso ao ex-advogado Michael Cohen pelo pagamento
a Daniels.
Se o ex-presidente for condenado, poderá receber uma pena de
até quatro anos de prisão por cada acusação, o que somaria 136 anos.
Entretanto, juristas ouvidos pela imprensa dos Estados
Unidos acreditam que uma pena severa como essa dificilmente seria imposta, em
razão da idade de Trump (77 anos) e do fato de o ex-presidente não ter
condenações criminais anteriores. Mesmo condenado, o magnata talvez sequer vá
para a prisão.
Trump é réu em outros três processos criminais: por supostas
tentativas de manipular o resultado da eleição presidencial de 2020 na Geórgia;
de suposta responsabilidade pela invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021; e pela
acusação de que teria levado documentos confidenciais para sua residência na
Flórida após ter deixado a presidência.
O ex-presidente sustenta que os processos criminais e civis
contra ele são uma “caça às bruxas” e parece estar conseguindo convencer grande
parte do eleitorado americano, já que as pesquisas mostram que ele não vem
perdendo intenções de voto.
Este mês, uma pesquisa divulgada pelo Wall Street Journal mostrou que Trump tem vantagem sobre o atual presidente e seu adversário em novembro, Joe Biden, em seis dos sete chamados estados-pêndulos – isto é, aqueles em que não está claro se democratas ou republicanos vencerão e que, portanto, são decisivos na eleição.
Trump está à frente de Biden no Arizona, Michigan, Nevada,
Carolina do Norte e Pensilvânia, tem vantagem dentro da margem de erro na
Geórgia e está tecnicamente empatado em Wisconsin.
O republicano poderá concorrer contra Biden e até mesmo exercer
a presidência caso eleito ainda que seja condenado até novembro em um ou mais
processos, porque a legislação americana não tem nenhum mecanismo que impeça
condenados criminalmente de disputar eleições ou até de ocupar cargos eletivos
(mesmo presos).
Ainda assim, a equipe de Trump tem receio do impacto que uma
ou mais condenações criminais poderiam ter no eleitorado – por isso, tem
ingressado com uma série de medidas na Justiça para tentar adiar os julgamentos
para depois da eleição.
“Quando as coisas mudam para a dinâmica das eleições gerais, com margens mínimas, e você está tentando convencer as pessoas que estão insatisfeitas com o presidente Biden, mas são profundamente céticas em relação a Trump pessoalmente – uma condenação não ajudaria a persuadir essas pessoas”, disse uma fonte próxima à equipe de Trump ao site Axios.