Lula diz que ditador da Nicarágua deixou de atender suas ligações
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelou nesta segunda-feira (22) que o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, não tem atendido suas ligações. O mandatário disse que eles não se falam desde que o papa Francisco lhe pediu que defendesse a situação de um bispo no país centro-americano.
“Falei com o papa, e ele me pediu para falar com Ortega sobre um bispo que estava na prisão. O fato é que Ortega não atendeu ao telefone e não quis falar comigo. Então, nunca mais falei com ele”, disse Lula em entrevista a correspondentes estrangeiros.
O mandatário brasileiro se referiu ao religioso Rolando Álvarez, preso por sua oposição ao regime nicaraguense. Lula lamentou que isso esteja acontecendo com “alguém que fez uma revolução como a que Ortega fez para derrotar [Anastasio] Somoza”.
No entanto, Lula afirmou que já não sabe se a “revolução” foi “porque ele [Ortega] queria o poder ou porque queria melhorar a vida do seu povo”. O mandatário brasileiro disse ser a favor da “alternância no poder” em todos os países, por considerar “o mais saudável” para uma democracia.
Segundo o mandatário, “quando um líder coloca na cabeça que é indispensável ou insubstituível, é quando começa a nascer o espírito do ditador”. Na semana passada, Lula defendeu a relação de seu governo com as ditaduras da Venezuela e da Nicarágua comandadas, respectivamente, por Nicolás Maduro e Ortega.
Lula insiste em esperar desculpas de Milei
O petista reforçou que deseja ter as “melhores relações com a Argentina”, mas reiterou que ainda está esperando um “pedido de desculpas” do presidente Javier Milei. “Levo muito em conta as relações do Brasil com a Argentina. Quero dar prioridade às relações com a América Latina”, declarou Lula durante a entrevista.
Até o momento, Lula não conversou com Milei, com quem tem profundas diferenças ideológicas. “A Argentina é um país muito importante para o Brasil e eu tenho certeza de que o Brasil é muito importante para a Argentina”, argumentou Lula.
Ele destacou que “não existe” uma “relação pessoal ou de amizade” entre chefes de Estado, mas “tem que haver respeito”. Lula indicou que espera manter “uma relação civilizada” com a Argentina. Mas apontou que isso “vai depender muito do comportamento do companheiro argentino” em relação ao Brasil.
Lula comentou a viagem de Milei a Balneário Camboriú (SC), onde participou de um congresso com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e a ausência do argentino na reunião do Mercosul. “Se ele acha que ganhou alguma coisa não indo ao Mercosul e indo a Camboriú para essa reunião, é o povo argentino que tem que julgá-lo, não eu”, disse o presidente.