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Pentágono fez campanha antivacina em retaliação à China

Durante a pandemia, as forças armadas dos Estados Unidos, sob liderança do Pentágono, teriam lançado uma campanha de descrédito contra a Sinovac (equivalente à Coronavac no Brasil), vacina da Covid produzida pelos chineses, de acordo com uma investigação da agência de notícias Reuters.

O alvo da propaganda contra a vacina foram cidadãos filipinos. A motivação seria uma retaliação à ditadura oriental por ter culpado Washington pela pandemia.

O auge da operação foi em meados de 2020, o ano em que circularam as variantes mais letais do SARS-CoV-2.

A inteligência americana teria criado ao menos 300 contas falsas na rede social X (na época, Twitter), posando como filipinos. Os perfis usaram a marcação (hashtag) #Chinaangvirus, “a China é o vírus” na língua tagalog.

A conta falsa “Layla” (@layla12721217), por exemplo, publicou em 29 de julho de 2020: “A Covid veio da China e as vacinas vieram da China”. Acompanhando a mensagem estava uma montagem com o rosto do então presidente Rodrigo Duterte com uma fala falsa em que ele prometia mais ilhas em troca de ter seu país priorizado na entrega das doses. Outra conta dizia “da China vieram equipamentos de proteção individual, máscaras, vacina: tudo fake. Mas o coronavírus é real”.

Uma declaração verdadeira de Duterte um ano depois, em discurso televisionado, foi “você escolhe: ou se vacina, ou eu te prendo. Há uma crise no país, estou decepcionado com filipinos que não ouvem o governo”.

O X removeu as contas após a Reuters começar sua apuração, afirmando que eram robôs parte de uma campanha coordenada, com base nos padrões de atividade e dados internos da rede social.

A agência acredita que a campanha durou cerca de um ano, terminando em meados de 2021, envolvendo assim os governos dos presidentes Donald Trump e Joe Biden. Outros países da Ásia Central e do Oriente Médio teriam sido alvos de campanhas similares do Pentágono. Para públicos muçulmanos, a mensagem era que as doses chinesas continham gelatina suína, assim supostamente violando a proibição da lei islâmica ao consumo de carne de porco.

Quando o programa foi encerrado pelo governo Biden, uma sindicância teria sido aberta. A operação de propaganda do Pentágono não teve cidadãos americanos como alvo.

A inteligência americana já fez campanhas similares em guerra informacional envolvendo vacinas. Em sua caçada ao terrorista Osama Bin Laden, a CIA (Agência Central de Inteligência) implementou no Paquistão um falso programa de vacinação contra hepatite. A operação foi desmascarada em 2014, levando a uma sentença de 23 anos de prisão para o cirurgião paquistanês Shakil Afridi.

Uma campanha de vacinação contra poliomielite no país acabou sofrendo por associação. A CIA estava coletando o DNA de possíveis parentes de Bin Laden. Na época, o governo Obama prometeu que a CIA não mais usaria falsas campanhas de vacinação e prometeu não explorar material genético de qualquer pessoa adquirido nesse tipo de operação.

Nas Filipinas, não está claro o quanto de impacto a campanha antivacina do Pentágono teve. Os filipinos já são desconfiados a respeito da China por disputas entre os dois países quanto a território marítimo. Uma desconfiança já presente foi usada pelos americanos.

A Coronavac, alvo da campanha, revelou-se menos eficaz em proteção contra infecções. Porém, também era menos reatogênica (menos propensa a eventos adversos e desconforto pós-inoculação) que as alternativas produzidas nos Estados Unidos com a nova tecnologia de nanopartículas de mRNA.

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