Número de presos políticos em Cuba chega a 1,1 mil
O número de presos políticos em Cuba, que vive sob a ditadura de Miguel Díaz-Canel, atingiu a marca alarmante de 1.100 indivíduos, após 13 novas pessoas serem detidas em abril. A situação, que vem se agravando nos últimos meses, é marcada por uma intensificação da perseguição a jornalistas, manifestantes e qualquer forma de dissidência ao regime comunista.
O dado foi exposto no relatório mensal divulgado pela organização Prisoners Defenders nesta sexta-feira (17). No documento, a ONG destaca casos emblemáticos de violações de direitos humanos no regime comunista da ilha caribenha. Entre eles, está o da jornalista Camila Acosta, correspondente do jornal espanhol ABC, que foi detida em abril e transportada por 140 quilômetros sob custódia policial, sem mandado de prisão ou explicação.
Camila estava no município de Cárdenas, localizado na província de Matanzas,
onde, segundo o relatório, deveria entrevistar familiares de presos políticos
cubanos.
“Me colocaram em quatro carros de patrulha e me levaram até Havana”,
disse ela.
Em suas palavras, ações como essa tem como objetivo “evitar qualquer
contato mínimo entre as pessoas que ficaram aqui na ilha. Estão tentando
isolá-las completamente”.
“Eles sabem que as histórias dos presos políticos são questões sensíveis e
estão me impedindo de fazer o meu trabalho a todo o custo”, denunciou
Camila
Outro caso envolvendo jornalistas é o de Mayelín Rodríguez Prado, conhecida
como “La Chamaca”, condenada a 15 anos de prisão por “propaganda inimiga” e
“sedição”, após transmitir protestos contra o regime comunista que ocorreram em
2022 em seu bairro.
A repressão também alcançou Carlos Michael Morales, jornalista independente,
que após ser libertado de uma pena por ter participado dos protestos contra o comunismo
de 2021, foi novamente preso neste mês sob novas acusações de “desobediência” e
“desacato”. Familiares disseram à Prisoners Defenders que Morales já vinha
sofrendo ameaças de Havana, que tentou obriga-lo a abandonar sua carreira como jornalista.
O relatório da organização destaca outros diversos jornalistas independentes
que foram presos por terem realizado a cobertura dos protestos contra o regime
comunista que ocorreram em março. Além destes casos, o documento revela novas
denúncias sobre torturas e maus-tratos em prisões, como a de Boniato, localizada
em Santiago de Cuba, onde presos políticos são submetidos a tratamentos
brutais.
Daniel Moreno de la Peña, ativista e preso político, é um dos que sofreram as
agressões físicas severas executadas por oficiais do regime de Havana. Tais agressões
resultaram em marcas visíveis por seu corpo mesmo após um mês.
A situação dos presos políticos em Cuba reflete a realidade de total
impunidade que impera no país. Enquanto isso, o ditador Díaz-Canel segue
manifestando apoio ao regime russo de Vladimir Putin, evidenciando uma aliança
que desconsidera os princípios democráticos e os direitos humanos.
Nesta semana, o Congresso da Espanha condenou a repressão em Cuba, apesar da
resistência do PSOE, partido socialista do qual faz parte o premiê Pedro Sanchéz,
que foi acusado pela Prisoners Defenders de utilizar argumentos falsos para
justificar sua posição.
A Prisoners Defenders realiza relatórios mensais sobre a repressão em Cuba e também desenvolve documentos com dados sobre violações de direitos humanos que ocorrerem na ilha. Tais dados, segundo a organização, são enviados periodicamente para organizações internacionais, como o o Parlamento Europeu, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Organização das Nações Unidas (ONU).