Sob sombra de político inelegível, Panamá escolhe novo presidente
Os panamenhos enfrentaram o calor nas filas de votação e acompanham a apuração de seus votos para presidente da República neste domingo (5).
O período de campanha foi marcado por protestos. Entre os temas que mais preocupam os cidadãos do pequeno país da América Central estão um escândalo de corrupção e uma crise migratória envolvendo a Selva de Darién, local controlado por criminosos organizados que extorquem milhões de dólares de migrantes. Ao menos 141 pessoas morreram na selva em 2023, segundo o Projeto Migrante Desaparecido.
Com 20,41% das urnas apuradas, lidera no momento com 33% dos votos o candidato José Raúl Mulino, conservador do partido Realizando Metas que prometeu fechar a selva. As informações são da TVN Panamá.
Em segundo lugar está Ricardo Lombana (partido Movimento Outro Caminho, com bandeiras anticorrupção, ambientais e de democracia participativa), com 24% dos votos; seguido pelo ex-presidente Martín Torrijos (independente, antes no Partido Revolucionário Democrático, populista de esquerda e membro do Foro de São Paulo), com 16%. Outros cinco candidatos disputam o pleito.
A eleição é “a mais complexa da história moderna” do Panamá, na opinião de Arantza Alonso, analista sênior para as Américas da empresa de consultoria Verisk Maplecroft, em entrevista à Associated Press.
Foi só na manhã de sexta-feira (4) que a Suprema Corte do país permitiu que Mulino fosse incluído como candidato. Os adversários alegavam para o tribunal que ele não poderia concorrer pois não tinha sido eleito nas primárias.
O Realizando Metas escolheu Mulino de última hora após o ex-presidente Ricard Martinelli, que governou o Panamá entre 2009 e 2014, ter sido declarado inelegível. Ele foi condenado a 10 anos de prisão por lavagem de dinheiro em março, mas se abrigou em fevereiro na embaixada da Nicarágua. A ditadura de Daniel Ortega lhe ofereceu asilo.
Na manhã de domingo, Mulino visitou Martinelli na embaixada, deu-lhe um abraço e disse “irmão, nós vamos vencer!” Apesar dos escândalos de corrupção, há entre os eleitores panamenhos algum grau de gratidão a Martinelli por bons resultados na economia.