O crescimento – e potencial – da tecnologia no setor financeiro
Texto de Fernando Arditti, vice-presidente e gerente-geral da WSO2 na América Latina.
Talvez seja necessário puxar pela memória para lembrarmos a última vez em que vimos serviços financeiros sendo oferecidos somente por bancos. As demandas de clientes de variados setores fizeram com que essas soluções fossem adaptadas e fornecidas por empresas do varejo, indústria automotiva, e startups, por exemplo.
Comumente conhecidas pela sigla em inglês BFSI, ou Bancos, Serviços Financeiros e Seguros, estas organizações têm sido algumas das que mais vem investindo em tecnologia. Segundo o Gartner, o valor global gasto com inovações tecnológicas no mercado BFSI em 2024 deve chegar a USD 735,6 bilhões, um aumento de 8,7% em relação ao ano passado – e a expectativa é que o crescimento anual seja de 9,3% nos próximos cinco anos, atingindo a volumosa marca de USD 1 trilhão até 2028.
Seguindo a tendência mundial, a inteligência artificial aparece como um diferencial nos negócios nesta área. Não por acaso, 58% dos líderes do segmento entrevistados pelo Gartner em junho deste ano disseram já usar esta tecnologia, um aumento de 21% em comparação a 2023. Já metade dos 42% que ainda não usam IA planejam implementá-la. O grande número de instituições que oferecem serviços financeiros (sejam elas do setor bancário ou não) também fez aumentar a demanda por compartilhamento de dados dentro do ecossistema de Open Finance.
De acordo com a Pesquisa de Tecnologia Bancária 2024, da FEBRABAN, houve um aumento de 347% na quantidade de chamadas de APIs, passando de 11,6 bilhões em 2022 para 51,9 bilhões em 2023, sendo que 99% delas estavam ligadas à etapa de dados cadastrais e transacionais. As APIs têm a função de levar as informações de uma ponta à outra, seja entre usuário e instituições, ou mesmo entre organizações. Portanto, o investimento em soluções robustas que garantem a segurança destes dados é fundamental em todas as esferas do mercado BFSI.
Isto mostra que no cerne do Open Finance está o foco na experiência e conveniência do usuário, uma questão que vem se tornando cada vez mais prioritária para praticamente todas as empresas de diversos setores. A maior disponibilidade, inclusive na palma da mão por meio de smartphones, também vai ao encontro deste movimento e os resultados estão à vista. Foram 25,8 bilhões de transações com movimentação financeira nos últimos cinco anos, quintuplicando o número no período.
A proximidade com o cliente também é evidenciada pelo maior uso de aplicativos de mensagens instantâneas. De 2023 até agora, houve um crescimento de 76% de transações por este meio, ampliando a presença digital das instituições e fortalecendo laços com clientes em diferentes canais, inclusive em redes sociais. Outro tipo de tecnologia utilizada para estreitar esta relação é a de gerenciamento de identidade e acesso de clientes (ou CIAM, na sigla em inglês), que atua de forma integrada aos sistemas das empresas e nos bastidores dos softwares não só para garantir a segurança das informações dos usuários, mas também para identificar padrões e hábitos de consumo. Isso permite que as empresas possam desenvolver estratégias ou produtos específicos para determinados públicos.
O segmento BFSI é um dos líderes do investimento global em tecnologia e a alta demanda por parte dos clientes, bem como as oportunidades singulares dentro de cada indústria, indicam um potencial de crescimento significativo. O processo de digitalização do setor passa ainda por um maior uso da nuvem, o que também tende a resultar em instituições mais resilientes, ágeis e preparadas para o futuro, algo essencial em um setor tão dinâmico como o financeiro.
A constante necessidade por novas soluções também é benéfica para a criação de softwares inovadores, algo vantajoso para a evolução tecnológica como um todo, ampliando as capacidades e segurança disponíveis. Independentemente do tipo de solução usada por BFSI – adquirida ou desenvolvida completamente de forma proprietária -, o ponto mais importante é que ela tenha como foco as necessidades do consumidor, para oferecer mais praticidade e personalização e, com isso, fidelizá-lo.