Qual é a origem dos campos magnéticos do Universo
O campo magnético da Terra desempenha um papel essencial para a humanidade; afinal, ele protege o planeta da radiação cósmica e das partículas provenientes do vento solar. Sem essa proteção, a vida provavelmente não existiria da forma como a conhecemos. Contudo, campos magnéticos não estão restritos à Terra; esse tipo de força também se manifesta em todo o universo.
No caso do magnetismo terrestre, sua origem está em um fenômeno chamado efeito dínamo. Esse mecanismo funciona da seguinte maneira: no núcleo do planeta, a combinação entre a rotação e o intenso calor gera correntes de convecção no núcleo externo, formado por metal líquido condutor de energia.
Essas correntes elétricas, ao interagir com o movimento de rotação da Terra, produzem o campo magnético. Apesar de o campo magnético terrestre ser essencial para os seres vivos, sua influência está limitada à região próxima ao planeta, onde a atmosfera e a superfície terrestre são protegidas.
Ou seja, a força produzida no núcleo da Terra não afeta outras regiões mais distantes no espaço. Porém, existem campos magnéticos de escalas muito maiores no universo, como os que permeiam estrelas massivas e galáxias.
“Campos magnéticos, como o da Terra, fazem com que agulhas de bússolas magnéticas e outros ímãs permanentes se alinhem na direção do campo. Esses campos também forçam partículas eletricamente carregadas em movimento a seguirem uma trajetória circular ou helicoidal”, é descrito na enciclopédia Britannica.
Ainda que, campo magnético ser invisível aos olhos humanos, ele foi crucial para proteger as condições que permitiram o desenvolvimento da vida na Terra.
Por outro lado, os campos magnéticos cósmicos podem influenciar pulsares, acelerando partículas que geram emissões intensas de rádio, em processos astrofísicos de galáxias inteiras, e em outras regiões do universo.
Campos magnéticos do universo
O tema tem sido estudado há muito tempo, e a principal hipótese da comunidade científica é que os primeiros campos magnéticos do universo se originaram em processos físicos ocorridos logo após o Big Bang. Esses campos podem ter surgido como resultado do movimento de partículas carregadas ou em outras interações cósmicas.
Os astrônomos observam que, geralmente, os objetos astrofísicos estão imersos em diferentes tipos de campos magnéticos. Isso não ocorre apenas no Sistema Solar; há evidências de que esses campos existam até mesmo no espaço entre as galáxias. Mesmo que sejam considerados fracos, desempenham um papel significativo em diversos processos.
Em um estudo publicado na revista científica PNAS, uma equipe de cientistas realizou simulações em supercomputadores sobre os primeiros campos magnéticos do universo. Esses campos podem ter desempenhado um papel crucial em processos que moldaram o universo atual, incluindo a formação do campo magnético da Terra.
Ao investigar a dinâmica do plasma que existe entre galáxias e estrelas, os resultados das simulações sugerem que esses primeiros campos podem ter surgido de forma espontânea devido aos movimentos ‘genéricos’ dessa dinâmica.
A ideia dos pesquisadores é continuar a refinar esse modelo para compreender se ele é consistente com os dados de observações astronômicas.
Uma das autoras, a professora da Universidade de Wisconsin em Madison, Ellen Zweibel, afirma que esse é um tema que continua sendo um mistério para a ciência. Embora alguns processos que ocorreram antes e depois da formação dos primeiros campos magnéticos sejam compreendidos, sua origem permanece desconhecida.
Por enquanto, a questão fundamental sobre a origem dos primeiros campos magnéticos do universo permanece sem resposta. Mas com o avanço dos supercomputadores e da inteligência artificial, é provável que estejamos cada vez mais perto de encontrar uma explicação mais próxima da realidade.
“Isso claramente não pode estar relacionado à atividade de galáxias individuais, explosões isoladas ou, sei lá, ventos de supernovas. Vai muito, além disso”, disse o astrofísico da Universidade de Bolonha, Franco Vazza, em mensagem ao site Quanta Magazine.
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